Céu de Plutão
Hoje parece que chove
As nuvens formam formas
E o sol, timidamente quer viver.
Uma cortina de fumaça viva
Cobre os olhos
Secos e cheios de ferrugem
Minhas juntas estralam
Como vidro, minha pele corta
O frio da noite.
Como fio elétrico
Que se desprende
De uma viva rede de alta-tensão
Seus olhos azuis serpenteiam no escuro
Fera viva, lobisomem que uiva
Para um céu de plutão.
Fogo, e chumbo quente
Correm em minhas veias
Correm em meus olhos.
Passos de outrora se confundem
Ao metal fundido que hoje sou
A alma fudida que hoje tenho
Velozes como o tempo
“É tempo de recomeçar”
Os cartazes nos avisam
E uma morna brisa
Banha nossos lares
Os bancos das praças
Como tinta óleo que escorre
E cresce em nossos ossos
Um lago de miscelânea.
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