terça-feira, 29 de março de 2011

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Nos meus olhos uma brisa janeeira
Como teias de aranha
Se enroscando em meus calcanhares
Uma melancolia sem preços
Como o desejo de viver me atormenta
Como a pedra que aguenta calada
As gotas dagua a perfurar sua superfície
Me rasgo em ódio e rancor
E não há amor nesta terra que me suplante
O ímpeto desta violência.
Na decadência de minha mente
Decentemente eu me calo
Para o coro juvenil que entoa seus hinos.
Não tenho mais idade para ser feliz
O tempo passa e percebemos
Que a fria maquina que somos
Não se locomove mais
Os trilhos já estão gastos e não suportam
Nossos quilos de metal enferrujado
E mesmo que nos grafitem
Não seremos mais belos
Apenas o escárnio de existir
Sobre paralelos.
Então me calo, e vou até a janela
Dúzias de formigas se alimentam
Dos restos do meu café
Sobrevivendo das migalhas que deixie
Mal sei quantas migalhas são
Roendo o pedaço de pão
Na tentativa de esquecer.
Viva mais, compre mais
E lá vão elas, com suas migalhas
Ao chegar em casa de certo mal vão pensar
No dia árduo, nas hipocrisias da vida
Vão apenas relaxar sobre suas camas
E dormir, pois amanhã a mais miglhas
Mais retos a coletar...

Nossa alma é um gari
Que varre as ruas de terra
Ascende as vagas lanternas
Enche os baldes de lixo
Nosso coração é o bicho a rasgar
Os sacos empapuçados de porcarias
Que nos faz todo dia
Levantar para arrumar isso que chamamos
De vida, todas essas feridas
Que aprendemos a cuidar.

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